O PANORAMA HISTÓRICO DA FRENOLOGIA
Por Joel Reis
O presente artigo tem como objetivo descrever um breve panorama
histórico da Frenologia, destarte, toma como ponto de partida seus principais
personagens.
A Frenologia é um
objeto de estudo muito antigo, desde a época do filósofo Aristóteles, o
primeiro a localizar faculdades mentais. Com o passar do tempo, diversas
tipologias ligando a fisionomia ao caráter foram definidas.
No final do século
XVIII, o suíço, Johann Kaspar
Lavater (1741-1801), usa a fisiognomonia (a arte de conhecer a personalidade
das pessoas através dos traços fisionômicos) como a ciência da
observação do corpo humano, assim, intenta atingir sua essência. Conforme Lavater, o
estudo da face humana serviria para descobrir 'os traços odiosos de luxúria,
cólera, falsidade, inveja, avareza, orgulho e descontentamento por trás de um
rosto belo, um exterior sedutor.'
Na virada do
século XVIII para o século XIX, o médico austríaco/alemão, Franz Joseph Gall (1758-1828), pioneiro no estudo da localização das
funções mentais no cérebro, estabelece os preceitos da cranioscopia, rebatizada
mais tarde de Frenologia. Método científico de análise de patologias no qual o
principal instrumento era a forma do crânio humano.
A Frenologia Científica
instituiu uma ligação direta entre a morfologia do crânio e o caráter humano.
Fisiologia e criminalidade caminhavam juntas, visto que, diversos escritos de
Gall visavam revelar através do retrato antropométrico, a fisionomia perigosa,
o tipo popular conhecido como ‘cara de assassino’.
Johann Gaspar Spurzheim
(1776-1832), medico alemão, importante seguidor de Gall, ajudou a disseminar a
Frenologia no Reino Unido e nos Estados Unidos.
Ainda no século
XIX, o médico e cientista natural americano, Samuel George Morton (1799-1851),
ficou famoso em seu país e na Europa divulgando a teoria de que a superioridade
racial é comprovada pelo estudo dos crânios. Aqueles de estrutura mais complexa
e avançada, um sinal inegável de inteligência e maior capacidade de raciocínio,
seriam os de caucasianos.
Outros autores
importantes sobre Frenologia no século XIX foram: os irmãos escoceses George e
Andrew Combe e os irmãos americanos Orson e Lorenzo Fowler.
Na segunda metade
do século XIX, Cesare Lombroso, cientista italiano, inicia suas pesquisas sobre
Frenologia, influenciado pela teoria de Franz Joseph Gall, o qual pretendia
determinar a personalidade individual a partir de análises cranianas. Apesar da
falta de credibilidade dada a essa teoria de Gall, Lombroso a adotou. As
concepções de Lombroso, estabelecidas na pesquisa das particularidades do
indivíduo delituoso, a denominada 'Antropologia Criminal', acabou por definir o 'Delinquente Nato', o agente criminoso símbolo do trabalho lombrosiano.
As teorias Lombrosianas
se repercutiram mundialmente. No Brasil, não foi diferente. Em 1930, um
processo revolucionário foi articulado de maneira a colocar Getúlio Vargas no
poder. As ideias associadas por Vargas, dentro de um regime nacional-estatista,
favoreciam um governo centralizado. Nesse sentido, as concepções do Direito
Penal Positivo de Lombroso tiveram certa influência para a criação da legislação
penal brasileira. As pesquisas lombrosianas influenciaram nos mais diversos
níveis, os teóricos brasileiros. Havia os que seguiam suas ideias com
contumácia e, outros que mantinham certo cuidado quanto aos conceitos
lombrosianos.
Dentre os estudos
desenvolvidos pelos brasileiros, a partir do trabalho de Lombroso, destaca-se
os de Raimundo Nina Rodrigues que, após a Guerra de Canudos, solicitou a cabeça
de Antônio Conselheiro a fim de analisar seu crânio e procurar indícios de
atavismo, embora sem sucesso. Nina Rodrigues desempenhou outras pesquisas,
algumas com conteúdo racista como a conclusão de que negros e 'mulatos' possuíam capacidade mental incompleta e, por conseguinte, deveriam se submeter
a outras normas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os cientistas
brasileiros estudavam os crânios procurando evidências de atavismo, estudo
bastante comum na época. Muitos intelectuais usaram essas pesquisas para criar
justificativa para uma suposta superioridade dos brancos. Entretanto, essas
teorias foram definitivamente desmanteladas na década de 1980, embora as
manifestações racistas continuem.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, Antônio Carlos. A
escola positiva no Brasil: a influência da obra “o homem delinquente”, de
Cesare Lombroso, no pensamento penal e criminológico brasileiro entre 1900 e
1940. 2010. 83 p. Trabalho de conclusão de curso. Unesc, Criciúma.
GUIMARÃES, Pedro
Maciel. No rosto, lê-se o homem: a
fisiognomonia no cinema. Significação: Revista de Cultura Audiovisual v. 43, n.
46, 2016
PHRENOLOGY. The History of Phrenology. [S.l.: s.n.], 2018. [on-line]. Disponível em: <https://www.phrenology.org/intro.htm>. Acesso em: 27 abr. 2018.
SABBATINI, Renato M. E. Cérebro & Mente. [S.l.: s.n.], mar. 1997. [on-line]. Disponível
em: <http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frengall_port.htm>.
Acesso em: 27 abr. 2018.
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