Figura: Sólon (Atenas) e Licurgo (Esparta) Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br |
Ao fazer uma análise da organização da educação nas sociedades espartana e ateniense observa-se que deram vida a dois modelos educativos: o primeiro era fundamentado no conformismo e no estadismo, o senso crítico e artístico não tinha valor, os estudantes deveriam aprender e aceitar ordens. Já o segundo, era embasado na concepção de Paidéia, que objetivava a formação humana, cujo cidadão era capaz de desempenhar um papel positivo na sociedade, poderia liderar e ser liderado.
O legislador da polis de Esparta e responsável por traçar o sistema educacional foi o lendário filósofo Licurgo. O modelo educativo espartano, obrigava as famílias a inserirem os seus filhos do sexo masculino, a partir dos 7 anos, nas escolas-ginásios, a intenção era formar um cidadão-guerreiro adestrado no uso de armas. Já a educação feminina era específica, com o propósito de formar boas esposas e mães. As meninas espartanas, também participavam de atividades desportivas, entretanto, apenas para se tornarem mulheres saudáveis, para que gerassem crianças fortes, ou melhor, futuros soldados para Esparta.
Por ser considerado um bem supremo, o Estado considerava as crianças e jovens como sendo de sua propriedade e os moldavam conforme seus interesses. Portanto, a formação individual era reduzida ao mínimo, ou seja, o indivíduo não era concebido em seu âmbito subjetivo. Para o Estado espartano a educação tinha um papel fundamental para a sua conservação, por isso deveria formar cidadãos compatíveis com o seu projeto político.
Observa-se que no modelo educacional espartano a formação é unilateral, o desenvolvimento subjetivo e pessoal do indivíduo é desprezado, Isto é, a formação apenas beneficiava o Estado.
Já a sociedade ateniense com a necessidade de uma burocracia instruída, que dominasse a escrita, adotou o alfabético iônico, completamente fonético. Logo, todos os cidadãos começaram a escrever e, dedicaram-se à oratória, à filosofia, à literatura, à história, além da poesia e do teatro. Com isso, passaram a desprezar o trabalho manual e comercial.
Diferente do Estado espartano que considerava as crianças e jovens como sendo de sua propriedade, em Atenas, esse domínio, cabia à família, em especial ao pai. O ideal educacional ateniense objetivava três vertentes: ginástica, música e escrita. A ginástica era primordial devido à ideologia humanista de equilíbrio entre corpo e mente e também pelas necessidades militares. O estudo da música era fundamental na formação do senso de temperança e de moderação nos jovens. Por fim, a escrita era crucial por ser a principal via para adquirir todos os conhecimentos e interação supracitados. Estabeleceu-se então, um ideal de formação mais culto e civil que incidia os aspectos humanísticos mais profundos de cada indivíduo.
O modelo educacional humanista de Atenas expressava-se em termos de igualdade, liberdade e individualidade, quer dizer, mais direcionado ao aprimoramento pessoal e subjetivo. Isto é, a formação individual das crianças e jovens atenienses era valorizada. Dessa maneira, a educação ateniense alcançava um patamar substancial, propendia a se tornar global ao ultrapassar as fronteiras da polis.
Percebe-se que no modelo educacional ateniense, o ser humano era visto de forma igualitária e acreditava na natureza de cada indivíduo. Assim, as crianças e os jovens de Atenas eram livres para expressar seus sentimentos estabelecendo uma aprendizagem voltada à autonomia, originalidade, criatividade e a auto-iniciativa na busca de conhecimento.
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