AGRESSÃO À NATUREZA NO BRASIL
Por Joel Reis
Em 1557 foi publicado em Marburgo, na Alemanha, o livro de HANS STADEN, figura quase lendária do século XVI, que escreveu sobre suas duas viagens ao Brasil, onde, convivendo com índios antropófagos, participou de muitas aventuras. Desse livro se fizeram mais de 50 edições, em alemão, flamengo, holandês, latim, francês e português.
Em 1557 foi publicado em Marburgo, na Alemanha, o livro de HANS STADEN, figura quase lendária do século XVI, que escreveu sobre suas duas viagens ao Brasil, onde, convivendo com índios antropófagos, participou de muitas aventuras. Desse livro se fizeram mais de 50 edições, em alemão, flamengo, holandês, latim, francês e português.
Não se diga que é livro que fez época, pois na realidade permanece, decorridos mais de quatro séculos, considerado importante, e por isso mesmo, continuamente editado. Sua última edição, no Brasil, data do ano de 1974.
Esse livro é citado em destaque, neste momento, por ser talvez o primeiro documento de maior importância, a testemunhar que a agressão ao ambiente, praticada pelo homem, no Brasil, não foi introduzida pelos europeus, após a descoberta. Ela já existia antes, praticada pelo índio que derrubava a mata e ateava-lhe fogo, para cultivar principalmente mandioca e milho. Igualmente para caçar, punha o índio fogo na mata, pois assim afugentava para um lugar predeterminado um grande número de animais.
De outro lado, para pescar, o índio frequentemente envenenava rios com Timbó. Matando um número imenso de peixes.
Não se pode condenar o indígena por retirar da natureza seus alimentos, seus utensílios, os materiais para confecção de suas casas, tecidos, armas, etc.
O que se quer testemunhar é apenas que já os indígenas adotavam práticas condenáveis: não se limitavam a matar os peixes necessários à sua alimentação, pois envenenando os rios matavam muito mais peixes do que podiam consumir; também o método usado, por vezes, na caça, conduzia à extinção de maior número de animais que o necessário; e, quanto à sua agricultura, era o que se chama de AGRICULTURA NÔMADE, em que a terra, livre de vegetação pelo fogo, era cultivada por 2 ou 3 anos; depois, empobrecida, não rendia mais e o índio mudava para outro e para outro, continuamente.
Começou cedo o processo de agressão à nossa natureza. E prosseguiu de forma contínua e cada vez mais acelerada.
Depois dos índios vieram os europeus: primeiro portugueses; depois franceses e holandeses. Durante muito tempo nossa natureza foi por eles pilhada de forma brutal, sem dúvidas mais brutal que a agressão praticada pelo índio. Conseguiram praticamente eliminar de nossas matas o pau-brasil, hoje uma raridade.
Numerosos naturalistas que viajaram pelo Brasil deixaram informações de muita utilidade para que se possa escrever a história dessa devastação. Em um relatório de viagem pelo Brasil, Saint-Hilaire documenta a extrema devastação feita em nossas matas, bem como em outros tipos de vegetação após a descoberta.
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